Na Cúpula do Mercosul, Brasil defende que entrada no acordo com União Europeia seja bilateral
A expectativa é que a parceria comece a valer em dois anos , mas também carece da aprovação do parlamento europeu. O acordo deve ser um dos principais temas do encontro com os chefes de Estado do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
- A preferência do Brasil é que a entrada em vigor seja bilateral. Ou seja, se o Brasil aprovar em primeiro lugar já entra em vigor para o Brasil. E assim se os outros países demorarem mais entra depois para ele - disse Pedro Miguel da Costa e Silva, coordenador brasileiro para o Mercosul.
Negociadores de Argentina, Uruguai e Paraguai também demonstram inclinação pela bilateralidade na validade do acordo.
- Os tempos (no Mercosul) mudaram. Hoje precisamos de instrumentos efetivos para dar respostas rápidas às expectativas do setor exportador e produtivo dos nossos países --disse a diretora-geral de assuntos de integração e Mercosul da chancelaria uruguaia, Valéria Csukaki.
Na esteira do acordo com a União Europeia, as reuniões entre os quatro países miram avançar em outras alianças que já estão em discussão. A perspectiva é que o acordo com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA, na sigla em inglês), bloco do qual fazem parte Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça, possa ser concluído nos próximos meses. Outro acordo que deve avançar até 2020 é o do Mercosul com o Canadá.
- A negociação com o EFTA estamos próximo de uma possível conclusão. Claro, isso depende do outro lado, mas é o mais avançado. O segundo mais avançado é com o Canadá, que nós achamos que se continuar no ritmo atual existe uma chance de terminar no início de 2020 - disse Costa e Silva.
O presidente Jair Bolsonaro chega a Santa Fé na quarta-feira pela manhã para participar da cúpula. Na ocasião, os presidentes do quatro países assinarão um acordo para o fim da cobrança do roaming internacional. A medida deverá ser chancelada pelos parlamentos dos países que compõem o bloco. Ainda não há prazo para que a cobrança para ligações internacionais entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai deixe de existir.
Durante o encontro, o Brasil assumirá a presidência pró-tempore do Mercosul, substituindo a Argentina, do presidente Mauricio Macri, no comando do bloco. Segundo fontes diplomáticas, o Brasil, ao assumir o comando do bloco, deverá seguir com ações para simplificar e desburocratizar as relações comerciais e institucionais entre as nações que compõem o próprio bloco e outros países.
Desde domingo, dia 14, funcionários dos governos e diplomatas realizam encontros preparatórios. O ministro das Relações Exteriores, chanceler Ernesto Araújo, e da Economia, Paulo Guedes, são esperados em Santa Fé nesta terça-feira.
Durante as reuniões preparatórias, também estão sendo discutidos pelo menos outros dois acordos. Um é sobre a troca de informações migratórias entre os quatro países, e o outro é a possibilidade de brasileiros, argentinos, uruguaios e paraguaios terem assistência consulares de qualquer nação que compõe o bloco quando não houver representação de seu país de origem. Os encontros do Conselho do Mercosul acontecem a cada seis meses. O próximo está previsto para ocorrer no final do ano no Brasil.