Greve geral contra governo Macri esvazia ruas de Buenos Aires
A capital argentina amanheceu como se este 29 de maio fosse um feriado. Devido à greve geral organizada por sindicatos contra o governo de Maurício Macri, poucos carros transitavam pelas ruas de Buenos Aires, e os serviços de ônibuse metrô estavam paralisados. O comércio se encontrava parcialmente fechado, devido à dificuldade de os funcionários chegarem ao local de trabalho. Hospitais públicos abriram apenas com a parte de pronto-socorro, e escolas públicas não funcionaram. Quem tentava tirar dinheiro em caixas eletrônicos dava com portas travadas.
Nuin trajeto de bicicleta até o centro, a reportagem da Folha também registrou a falta de coleta de lixo. Por volta do meiodia, montes de sacolas transbordavam das lixeiras. O fato de o dia ter amanhecidocomteinperaturaporvolta dos 10o Cparece ter estimuladoaspessoasa ficarem em casa. Os aeroportos de Ezeiza e o Aeroparque tiveram a mai oria de seusvoos cancelada. Os manifestantes tentaram fechar as principais vias que dão acesso à cidade com sucesso parcial.
A gendarmería (polícia federal) conseguiu derrubar algumas das barreíras e impedir que se formassem novas, atacando grevistas com balas de borracha e gás de pimenta. Não houve registro de feridos. A manifestação marcada para o meio-dia pelos sindicalistas no centro de Buenos Aires estava umpouco esvaziada. Algumas dezenas de pessoas carregavam bandeiras e tocavam bumbos com gritos de guerra contra o governo. Esta é a quinta greve geral que enfrenta a gestão do presidente Maurício Macri.
As principais reivindicações são uma mudança na política econômica para que se contenha a inflação já acumulada em 15,6% neste ano, segundo o Indec (IBGE locaí), aumentos de salários de acordo com o índice citado, plano de recontratação de funcionários que vêm sendo demitidos e o reto mo de subsídios e planos de assistência cortados devido à política de ajustes. Os sindicalistas também repudiam o acordo que Macri fez como FMI (Fundo Monetário Internacional), no qual a Argentina está tomando emprestados, pormeio de uma linha de crédito, US$57bilhôes.
O presidente manteve sua agenda, indo a um ato de homenagem ao Exército. Ao discursar, não mencionou a greve. Quem falou foi a ministra de Segurança, Patrícia Bullrieh, que classificou as para lisações como `políticas`. O ministro da Economia, NicolásDujovne, estimou que o país tenha perdido até 40 billiões de pesos (cerca de R$ 3,5 bilhões) por causa da atividade reduzida nesta quarta (29) e disse que os setores mais atingidos eram os da indústria e comércio.
O líder sindicalista Hugo Moyano, um dos organizadores da mobilização, disse que `o nível alto de adesão é uma demonstração da rejeíção que gera a política desse governo`. `Não fazemos greve por capricho nem por ideologia, e sim por necessidade.` Até a conclusão desta edição, não havia números oficiais da adesão à greve, que deveria durar até a meia-noite.