Com Biden ou Trump, comércio do Brasil com EUA terá novos desafios
Não é segredo que Jair Bolsonaro torce pela reeleição de Donald Trump. Mas nem mesmo a química entre os dois presidentes pode salvar o Brasil de uma postura ainda mais protecionista do americano, caso seja reconduzido. Segundos mandatos, sem a miragem da reeleição adiante, permitem políticas mais “puras” dos presidentes. Será mais “America First” do que nunca. Trump deve exacerbar seu nacionalismo, afetando inclusive aliados, como já ocorreu com o Brasil, em temas como aço. A pressão para que Brasília se oponha a Pequim também poderá gerar constrangimentos comerciais.
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Se Biden vencer, o Brasil perde a “relação presidencial especial”. Mas ganha um defensor do multilateralismo, que pode desatar amarras do comércio global. O que é bom para todos, principalmente no longo prazo. Disputas ideológicas devem ser relegadas a um segundo plano, embora a questão ambiental deva ser turbinada, gerando uma tarefa extra para o Brasil e seus exportadores: terão de provar que evitam as queimadas e o desmatamento.
Um acordo comercial entre Brasil e EUA não deve sair, esteja quem estiver na Casa Branca. Com Biden, o tema ambiental falará mais forte e a prioridade será a Ásia e a Europa. Com Trump, o foco será opor-se à China, e os acordos fechados pelo atual presidente não são muito generosos com terceiros países. Que o digam Canadá e México.
Com Biden, aumenta a possibilidade de uma agenda mais propositiva para barrar o avanço chinês na América Latina. Não com ameaças, mas com investimentos e oportunidades. O democrata daria ao Brasil a chance, mesmo com complexidades, de focar mais nas trocas entre os países. Mas, seja quem for eleito presidente dos EUA, faz falta uma estratégia comercial clara brasileira.